Os quartos de motel
Tenho uma amiga que diz detestar quartos de motel. Tenho muitas amigas que não dizem nada, mas detestam quartos de motel. Todas implicam com uma única característica: a impessoalidade do ambiente.
Só comecei a frequentar motéis com regularidade depois que eu e Fugu nos tornamos amantes. E é verdade, nada ali tem a minha marca, nada ali tem passado. Aqueles quartos não guardam histórias. Não existem cartas escondidas no fundos dos armários, não existe o suor de um antigo namorado impregnado nas almofadas, não existe um livro que desponta por baixo de uma pilha de papéis.
Limpo de referências pessoais, o quarto de motel torna-se um ambiente catalisador do presente. Nada me distrai da paixão. A impessoalidade do hotel faz do corpo do amante o único território onde é possível me apoiar para prosseguir. O corpo do amado é o único elemento conhecido, vital e pleno de referências do ambiente.
Isso atrai minha atenção erótica como um íma.
Foi assim, magnetizada, que escrevi os textos que compõe o livro Duas Bocas.
Eu tambem amoooo moteis..alias concordo com voce sobre lugares sem lembrancas, nao importa o lugar, o importante e deixar o desejo nos levar, sem medo, sem preconceitos, nos deixar levar pelo imprevisivel sempre! Rituais de amor em lugares diferentes alimenta a alma dos apaixonados, sem isso o relacionamenyo cai na rotina e morre lentamente.Nunca deixar de brincar e o segredo!
ResponderExcluirConcordo plenamente. Quartos de motel são muito impessoais, mas acrescentam uma conotação clara de "playground". Ali, só se concentrando mesmo na amada e as suas delícias. Ainda permitem criar brincadeiras, montar cenários, e alguns motéis prestam atenção aos aspectos gastronômicos também!
ResponderExcluirBeijos para a Fugu, com sua linda inspiração!
Que bom que tem gente que me entende. Nomad está coberto de razão. Nunca vi uma criança reclamar do playground dizendo que o espaço era muito impessoal ... rssss
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